Pacientes do HAM recebem doação de laringes eletrônicas
- Publicado em 29/03/2019
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Os pacientes laringectomizados do Hospital Aristides Maltez (HAM) tiveram nesta quinta-feira (28) uma manhã diferente. Após a apresentação do coral Laringectom, membros da Associação Câncer Boca e Garganta (ACBG) palestraram e finalizaram o momento com a doação de dez laringes eletrônicas.
Visivelmente emocionado com todo o evento e evolução dos seus pacientes, Dr. Lucas Silva, coordenador do setor de cirurgia de cabeça e pescoço, falou sobre a importância dessas parcerias para a reabilitação pós-cirurgia: “O trabalho da associação é muito bacana. Promover essa parceria entre o HAM, os pacientes e os profissionais é muito legal pra gente poder partir para o momento de reabilitação deles que só têm a ganhar, pois esse engajamento social é muito importante. A gente sabe das dificuldades que cada um deles passa e ter agora o apoio de pessoas como Melissa e Gabriel, membros da ACBG, é extremamente importante e engrandecedor”, ressalta.
Wilde Sento Sé, paciente do HAM, e um dos contemplados com a laringe eletrônica, recitou de forma cantada uma poesia sobre os aprendizados que teve e lembra que há exatamente um ano passava por uma nova etapa da sua vida: “A gente tem que reaprender a falar, a respirar, a comer… Todo dia um novo aprendizado, mas tudo requer disciplina e apoio, é claro. Ninguém consegue nada sozinho, é preciso haver integração entre a família, a equipe médica e os colegas laringectomizados. É uma casa de três pilares, sem isso não se consegue um bom resultado”, declara.
Já Adriana Toledo, fonoaudióloga, comenta sobre a autoestima dos pacientes, que só melhora depois de todo o processo de reabilitação e adaptação às laringes eletrônicas: “O primeiro passo pré-operatório é explicar ao paciente quais as possíveis sequelas que ele pode ter após todos os procedimentos, então eles já saem do consultório um pouco triste. Aí, com o decorrer do tratamento e dos avanços, nós voltamos a ver sorrisos e brilhos nos olhos. Quando temos uma oportunidade como essa de vê-los receber as laringes eletrônicas e saber que mesmo robotizadas eles terão voz novamente é emocionante e gratificante. Eu estou muito feliz!”, fala.
Questionada sobre a importância de levar esse conhecimento e doação para além da sua cidade natal, Florianópolis, Melissa Medeiros, presidente da ACBG, diz que a sua experiência pessoal precisava ser compartilhada com tantos outros que passaram pelas mesmas dificuldades: “A nossa voz esofágica causa estranheza. Existe um preconceito mesmo e isso precisa ser combatido primeiro dentro dos ambientes diários, depois levar isso para fora. Com a laringe eletrônica, não é que a nossa voz fique linda, mas nos permite ter vez novamente. Fazer atividades corriqueiras como ir ao mercado, pedir um lanche ou uma informação, sem precisar da ajuda de terceiros já é um avanço. Nós já vencemos um câncer. Essa é só mais uma etapa das nossas histórias de vitórias”, conclui.
A reabilitaçao da voz esofágica é iniciada de 1 a 2 vezes por semana ao decorrer do processo em que os pacientes conhecem a laringe eletrônica, que pode ser usada em todo o processo da reabilitaçao (é uma escolha pessoal). O Centro de Prevenção e Reabilitação da Pessoa com Deficiência (CEPRED) tem doado laringes eletrônicas para os pacientes do HAM. O objetivo é que todos tenham acesso, por isso, todas as parcerias têm grande importância.
Muitas especialidades estão envolvidas no tratamento do câncer de cabeça e pescoço no HAM, entre elas: cirurgia de cabeça e pescoço, fonoaudiologia, odontologia, nutrição, fisioterapia, radioterapia, oncologia clínica, psicologia, enfermagem, cirurgia plática, cirurgia torácica, cirurgia geral, neurocirurgia, endocrinologia.
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