70 anos do HAM: Artigo por Antonio Luiz Diniz
- Publicado em 14/02/2022
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HAM mantém acesa a lâmpada da caridade há 70 anos
O Hospital Aristides Maltez (HAM) está em festa neste mês. Inaugurado em 2 de fevereiro de 1952, o HAM, referência no tratamento de câncer no país, completou 70 anos de serviços prestados à comunidade da Bahia, mantendo acesa a lâmpada da caridade, atendendo especialmente aos doentes carentes dos 417 municípios baianos. Além disso, tem em seus registros, pacientes de outros estados, como Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Espírito Santos, Minas Gerais, Goiás, Maranhão e até do Pará.
O médico Aristides Maltez Filho, presidente da Liga Bahiana Contra o Câncer, diz orgulhoso que, em toda a sua existência, o HAM nunca deixou de funcionar um dia sequer. E destaca: o atendimento é 100% através do SUS. Diariamente, mais de 4 mil pessoas são atendidas.
O hospital foi idealizado pelo seu pai, o professor Aristides Maltez, catedrático de Ginecologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia, que sonhava em acabar com o sofrimento da mulher baiana portadora de câncer do colo uterino. Essas mulheres, por falta de condições dos hospitais da época, padeciam sem um local adequado para curar a doença. Por isso, ele sonhava com a criação do Instituto de Câncer da Bahia.
Os primeiros passos para criação do HAM foram dados no dia 13 de dezembro de 1936, no Hospital Santa Izabel. Com a ajuda de 52 companheiros, Aristides Maltez fundou a Liga Bahiana Contra o Câncer (LBCC), a segunda entidade do Brasil criada com o propósito de atender as mulheres com esta doença. Enquanto cuidava de suas pacientes, o professor Aristides Maltez fazia campanhas em busca de recursos para a construção do prédio, onde funcionaria o Instituto de Câncer da Bahia.
Em toda porta que batia, ele repetia uma frase que entrou para a história: “Nada peço para mim. E, por esse motivo, não me acanho em pedir. É bem possível que nada possamos ver daquilo que pretendemos fazer. Mas que importa? Não trabalhamos para nós; outros prosseguirão; o caminho está aberto”.
Em 1939, chamado para fazer uma cirurgia delicada e coroada de êxito no interventor federal na Bahia, Landulfo Alves, o professor Aristides Maltez recusou-se a receber os seus honorários. Como o Interventor insistia em pagar pela cirurgia, acabou ouvindo um desafio: “Se alguma coisa queira Vossa Excelência fazer por mim, faça pelos cancerosos carentes e nos ajude a completar os recursos que a Liga Bahiana Contra o Câncer possui, para a construção do Instituto de Câncer da Bahia”.
Imediatamente, Landulfo Alves determinou a emissão de bônus do Tesouro Estadual, no valor de $103,50 contos de réis, que se juntaram aos $196,50 contos de réis obtidos em campanhas, através de quermesses, chás, livros de ouro e outras atividades sociais da época.
Os recursos foram decisivos para aquisição da Chácara Boa Sorte, no bairro de Brotas, onde, em 20 de outubro de 1940, foi lançada a pedra fundamental do Instituto de Câncer da Bahia. Na ocasião, o professor Aristides Maltez destacou o compromisso com os carentes e os desvalidos, ao dizer: “A semente do carvalho está lançada. A sua sombra não será, porém, mais para mim. Servirá, sim, para dar abrigo aos cancerosos pobres da Bahia”.
O Hospital Aristides Maltez (HAM) foi inaugurado no dia 2 de fevereiro de 1952, sendo o primeiro hospital especializado em câncer do Brasil. Infelizmente, o idealizador da grande obra não pôde ver o seu sonho realizado, pois faleceu em janeiro de 1943. Num gesto de gratidão dos seus companheiros fundadores da Liga Bahiana Contra o Câncer, o novo equipamento foi batizado de Hospital Aristides Maltez.
O HAM só foi concluído em 1984, graças ao apoio do então governador Antônio Carlos Magalhães. O hospital começou a funcionar com 15 leitos e atualmente ocupa uma posição de destaque no cenário nacional na luta contra o câncer. Possui equipamentos de ponta, assim como os principais hospitais do mundo, tendo se tornado um centro de excelência, dentro do que foi preceituado pelo seu fundador.
O Aristides Maltez mantém até hoje a tradição em dar total atenção às pessoas carentes. É um símbolo de amor ao próximo, da filantropia nacional e, por isso, goza de grande conceito junto à comunidade baiana. O hospital conta atualmente com 255 leitos e 180 profissionais médicos especializados e recebe em média, por dia, mais de 4 mil pessoas de todas as idades. A unidade de oncopediatria, inaugurada há pouco mais de 10 anos, ocupa um prédio de cinco pavimentos com mais de 5.000 m² de área construída e é considerada uma das melhores do Brasil.
Antonio Luiz Diniz
Confira o artigo publicado na Tribuna da Bahia clicando aqui.
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