Artigo: A população poderia lembrar também de ajudar o HAM
- Publicado em 30/01/2024
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O 2 de fevereiro é um dia de muita festa na Bahia, quando a população festeja Iemanjá, mas para os pacientes em tratamento de câncer, a data tem também outro significado muito especial: o aniversário da de inauguração do Hospital Aristides Maltez (HAM), uma referência no tratamento de câncer no país. A entidade filantrópica tem grandes serviços prestados à comunidade, atendendo pacientes dos 417 municípios baianos.
O hospital, inaugurado em 1952, foi idealizado pelo professor Aristides Maltez, catedrático de Ginecologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia, que sonhava em acabar com o sofrimento da mulher baiana portadora de câncer do colo uterino.
Nesses 72 anos de existência, o HAM nunca deixou de funcionar um dia sequer. O atendimento é 100% SUS. Mais de 4 mil pessoas são atendidas, diariamente, e, em média, são realizados, anualmente, 4,3 milhões de procedimentos. Em seus registros, tem também pacientes de outros estados como Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Espírito Santo, Minas Gerais e Goiás.
Atualmente, conta com 255 leitos e 180 profissionais médicos especializados. Tem ainda a unidade de Oncopediatria, inaugurada há pouco mais de 10 anos, que ocupa um prédio de cinco pavimentos com mais de 5.000 m² de área construída e é considerada uma das melhores do Brasil.
Único hospital especializado no tratamento do câncer do estado, o HAM é a principal unidade de atendimento oncológico à população carente de toda Bahia, atendendo 100% SUS. Como a remuneração do SUS fica bem abaixo do custo dos procedimentos, o hospital tem um déficit mensal de aproximadamente R$ 1,3 mi. Para cobrir essa diferença precisa recorrer sempre ao Governo, à Prefeitura, às empresas e à população, através de campanhas de doações voluntárias.
MANTENEDORA – A Liga Bahiana Contra o Câncer (LBCC), mantenedora do HAM, foi criada com o propósito de atender as mulheres que com esta doença padeciam pelas ruas da cidade. O professor Aristides reuniu 52 companheiros e iniciou a campanha com propósito de criar a Liga, fez várias campanhas em busca de recursos para a construção do prédio, onde funcionaria o Instituto de Câncer da Bahia. Até que em 1939, chamado para fazer uma cirurgia delicada e coroada de êxito no Interventor da Bahia, Landulpho Alves, recusou-se a receber os seus honorários. Como o Interventor insistia em pagar pela cirurgia, acabou ouvindo um desafio: “Se alguma coisa queira V. Exª fazer por mim, faça pelos cancerosos carentes e nos ajude a completar os recursos que a Liga Bahiana Contra o Câncer possui, para a construção do Instituto de Câncer da Bahia”.
Depois desse pedido, Landulpho Alves determinou a emissão de bônus do Tesouro Estadual, no valor de $103,50 contos de reis, que se juntaram aos $196,50 contos de reis obtidos em campanhas, através de quermesses, chás, livros de ouro e outras atividades sociais da época.
Os recursos foram utilizados para aquisição da Chácara Boa Sorte, no bairro de Brotas, onde, em 20 de outubro de 1940, foi lançada a pedra fundamental do Instituto de Câncer da Bahia. Na ocasião, o Prof. Aristides Maltez destacou o seu compromisso com os carentes e os desvalidos, ao dizer: “A semente do carvalho está lançada. A sua sombra não será, porém, mais para mim. Servirá, sim, para dar abrigo aos cancerosos pobres da Bahia”.
Em toda porta que batia, ele repetia uma frase, que entrou para a história: “Nada peço para mim. E, por esse motivo, não me acanho em pedir. É bem possível que nada possamos ver daquilo que pretendemos fazer. Mas que importa? Não trabalhamos para nós; outros prosseguirão; o caminho está aberto”.
Infelizmente, o idealizador da grande obra não pode ver o seu sonho realizado, pois faleceu em janeiro de 1943 e num gesto de gratidão dos seus companheiros fundadores da Liga Bahiana Contra o Câncer, o nome do novo equipamento médico foi denominado Hospital Aristides Maltez.
O hospital começou a funcionar com 15 leitos e atualmente ocupa uma posição de destaque no cenário nacional, na luta contra o câncer. Possui equipamentos de ponta, assim como os principais hospitais do mundo, tendo se tornado um centro de excelência, dentro do que foi preceituado pelo seu fundador.
O HAM mantém até hoje sua tradição em dar total atenção às pessoas carentes. É um símbolo de amor ao próximo, da filantropia nacional, e por isso, goza de grande conceito junto à comunidade baiana.
Nesse 2 de fevereiro, seria maravilhoso se a multidão que vai ao Rio Vermelho levar flores e presentes para Iemanjá, pudesse lembrar também de ajudar o Hospital Aristides Maltez. Essa entidade que tem grandes serviços prestados à Bahia, convive com um grande déficit mensal, e mesmo assim está construindo uma nova torre para aumentar seu atendimento em 30%. Duas iniciativas para manter a Bahia num caminho de proteção e bençãos.
Antonio Luiz Diniz
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