
Café Paliativo Integrativo lota auditório do Aristides Maltez
- Publicado em 30/05/2019
- Café Paliativo Integrativo, Combate ao câncer, Cuidados paliativos, HAM, Hospital Aristides Maltez, Vida
O Café Paliativo Integrativo, evento gratuito que percorre hospitais de Salvador, teve, na noite desta quarta-feira (29), mais uma edição, desta vez, no auditório do Hospital Aristides Maltez (HAM). A professora titular da Universidade de São Paulo (USP) e doutora em Comunicação Interpessoal, Maria Júlia Paes da Silva, foi a palestrante convidada e falou sobre o tema: “Como transformar instituições em lugar de vida”, o que despertou a curiosidade e atenção de colaboradores e visitantes que lotaram o local. A abertura ficou por conta do relato da paciente Gracieide Santana.
Maria Júlia afirmou que participar de um evento como este no HAM é prazeroso pela história de amor do hospital para com seus colaboradores e pacientes, que precisam sempre de uma atenção e carinho especial: “Eu penso que a vantagem de você falar num lugar desse e partilhar sua experiência é lembrar o principal motivo pelo qual qualquer pessoa quando adoece e precisa de um profissional da saúde: ele deve ser o remédio. Ninguém é só bioquímica. Ninguém precisa só de questões químicas para ser cuidado. Cuidado envolve todas as dimensões do ser humano. Se um profissional de saúde tiver a consciência de que ele não cuida de diagnóstico, mas de alguém que tem diagnóstico, ele vai fazer a diferença mesmo que ele não possa devolver à pessoa aquilo que ela mais quer, que é a cura”, ressaltou.
Paciente do HAM há 14 anos, Gracieide conta que, depois de tantas idas e vindas da doença, já conseguiu ressignificar o câncer na sua vida, mas que isso só foi possível graças ao acompanhamento da equipe de cuidados paliativos do hospital: “Já fiz todo o tratamento que se pode imaginar e cirurgias também. Poderia ter perdido a vontade de viver, mas não quis assim e não me permitiram fazer isso. Eu tenho o contato da minha médica daqui e da psicóloga e tudo que quero fazer peço permissão. Se elas deixam, eu vou e faço. Viajo, conheço lugares novos… Eu fiz uma lista das coisas que preciso fazer antes de morrer e estou cumprindo, viu?! Isso sim é qualidade de vida”, concluiu. A fala da paciente demostra a importência do trabalho humanizado de valorização da qualidade de vida realizado pela equipe, que é regida pelos princípios dos cuidados paliativos.
Para Maria do Carmo Mendes, psicóloga aposentada do HAM, que esteve presente no evento para prestigiar os ex-colegas, o tratamento paliativo é sinônimo direto de cuidado: “Quando a medicina se torna tão científica, ela se compromete com a cura. Tratar para curar. E nisso vai se distanciando do cuidado. Com os avanços tecnológicos, a medicina tem o controle das doenças, mas aquilo que não tem cura, tem cuidados. O cuidado paliativo não vai tratar para curar, mas sim para controlar esses sintomas dando qualidade de vida às pessoas. Ele vai dar mais vida ao dia das pessoas do que dias à vida dessas pessoas”.
O evento foi organizado pelo Centro de Estudos do HAM (CEHAM) e pela Unidade de Cuidados Paliativos (UCP) do HAM, que é composta pelas médicas paliativistas Dra. Patrícia Fontes e Dra. Lorena Meyer, pela psicóloga Shirley Costa e pela assistente social Gabriela Sales.
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