Entrevista: Dra. Maria Romilda Maltez | 88 anos da Liga Bahiana Contra o Câncer
- Publicado em 13/12/2024
A Liga Bahiana Contra o Câncer (LBCC) completa 88 anos na data de hoje (13). Os seus primeiros passos aconteceram na manhã ensolarada de um domingo, 13 de dezembro de 1936, quando 52 companheiros se reuniram sob a liderança do Professor Aristides Maltez para criar uma entidade – a segunda do Brasil – com o propósito de acolher pessoas carentes com câncer e de ajudar na compreensão e no combate à doença. Germinava a semente do Instituto de Câncer da Bahia, renomeado Hospital Aristides Maltez em homenagem póstuma ao seu idealizador, que faleceu pouco depois de lançar a pedra fundamental da construção.
Nós conversamos com a atual presidente da instituição filantrópica, Dra. Maria Romilda Maltez que, como seu avô, seus tios e seu pai, segue na condução dos rumos da Liga.
- O Hospital Aristides Maltez (HAM), grande obra da LBCC, foi inaugurado em 1952 e a senhora nasceu no ano seguinte. Uma vida entrelaçada com a causa da LBCC e do HAM. O que mais te marcou nesta trajetória?
Marcaram-me profundamente a situação das pessoas mais pobres com câncer e a dedicação do meu pai, Carlos Aristides Maltez, secundada por minha avó paterna, Romilda, e por minha mãe, Maria, não médicas, em cuidar do Hospital. Posso dizer que cresci à sombra das majestosas palmeiras imperiais, entre o amarelo alegre das acácias, o rosa vibrante das flores de jambo e o verde múltiplo das árvores do Hospital Aristides Maltez, nas inumeráveis horas em que esperava meu pai na sua labuta diuturna…
- Qual o maior legado da LBCC na sua opinião?
Sem dúvida, o legado é vivo – e vívido: é a própria assistência que o seu “filho” dileto, o Hospital Aristides Maltez, presta aos seus que dele necessitam, graças ao trabalho e ao comprometimento de seus colaboradores fieis.
- Estando na presidência da LBCC desde 06 de junho de 2024, quais têm sido os seus maiores desafios e conquistas?
Cada alvorecer traz um desafio e em cada crepúsculo celebra-se uma conquista. A própria vida da Liga e do Hospital se configura em um misto de desafios e conquistas ininterruptos. Aliás, isso é apanágio da quase totalidade entidades autenticamente filantrópicas.
- Sendo a LBCC a mantenedora do HAM, uma instituição 100% SUS, pode-se considerar que a escolha pelo atendimento exclusivamente através do Sistema Único de Saúde foi a melhor decisão? Por quê?
A bem da verdade, a escolha incondicional da Liga sempre foi pelas pessoas carentes desassistidas. Até 1988, sobrevivíamos unicamente pela ajuda do povo, em todos os segmentos da comunidade. O Sistema Único de Saúde – SUS – passou a fazer parte da Constituição Brasileira apenas em 1988 e para nós fez e faz toda a diferença: sabemos que vamos receber recurso para cada procedimento que efetuarmos, mesmo que tal recurso tarde e quase sempre seja insatisfatório. Aí entra o desempenho da Liga, que deve ser capaz de suprir e manter o Hospital. Estamos convictos e firmes na opção de atender exclusivamente pessoas que não têm outra alternativa que não o SUS. Esta decisão, tomada em 1836, continua a nortear os caminhos da Liga e do HAM.
- Quais serão os próximos passos da LBCC?
Os sonhos são inúmeros e o mais ousado deles é a construção de uma nova “torre” de cerca de 10 andares, ao fundo das construções atuais, com todas as inovações possíveis referentes à Oncologia. Vamos ver se conseguimos transformá-lo em realidade para comemorar o centenário da Liga, em 2036…
0 Comentários